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quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Médica do RN rasga receita após paciente idoso dizer que votou em Haddad para presidente

José Alves de Menezes, de 72 anos, disse que médica rasgou receita após ele declarar que votou em Haddad — Foto: Heloisa Guimarães/Inter TV Cabugi

Uma médica que trabalha em um hospital público de Natal rasgou a receita que tinha acabado de fazer para um paciente idoso, de 72 anos, após ele responder que votou no candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad. O caso aconteceu nesta segunda-feira (8), um dia após o primeiro turno das eleições, e foi registrado por meio de boletim de ocorrência na 7ª Delegacia de Polícia de Natal, no bairro das Quintas, Zona Leste da capital. O caso foi confirmado pela própria médica, a infectologista Tereza Dantas, que declarou estar arrependida de sua atitude.
O paciente estava no Hospital Estadual Giselda Trigueiro, localizado também no bairro das Quintas. De acordo com o servidor aposentado da Saúde, que trabalhou na própria unidade com a médica, o caso aconteceu no início da manhã, por volta das 7h30.
Por telefone, a médica Tereza Dantas afirmou que passou o final de semana doente e pensou em faltar ao trabalho, por ainda estar se recuperando, mas resolveu ir e informou ao hospital que só atenderia os pacientes que já tinham agendamento. Entretanto, como conhecia o ex-servidor, decidiu atendê-lo também.
"Eu estava conversando com outras pessoas sobre a situação política do país e fiquei exaltada, no momento. Eu realmente rasguei (a receita), porque ele não votou no meu candidato. Fiz errado, não tenho dúvidas", disse a médica. Ela afirmou que quer pedir desculpas ao paciente, mas ainda não conseguiu entrar em contato com ele.
O aposentado José Alves de Menezes - mais conhecido como Jean Menezes - afirmou que se sentiu constrangido com toda a situação.
Me senti ofendido. Passei vergonha na frente de todo mundo. No início, achei que era brincadeira e até ri", relata.
José vai corriqueiramente ao hospital para pegar a receita de remédio que toma diariamente e afirma que já conhecia a médica, porque sempre que não encontra a especialista que o atende na unidade, recorre à servidora pública para pegar o documento. "Ela sempre me tratou bem. Já chegamos a trabalhar juntos", lembra.
O aposentado disse que a médica o viu na unidade e pediu que ele esperasse, dizendo que já sabia o que ele queria. Após chegar até ele com a receita em mãos, perguntou em quem ele havia votado para presidente.
"Eu disse que votei no Haddad, ai ela disse: 'pois então não dou mais a receita', e rasgou. Duas ou três pessoas também viram", conta o homem. "Respondi na inocência. Nem sabia quem era o candidato dela. Nunca votei no PT, nunca fui fanático por partido nenhum. Essa foi a primeira vez que votei nele", acrescentou.
A médica declarou que se arrependeu da atitude antes da repercussão do caso, ainda na segunda, e tentou falar com o paciente, mas ele não a atendeu.
"Eu pedi perdão a Deus e pedi que ele me ajudasse a tirar de mim essa mágoa. Eu nunca gostei de extremismos e estava me transformando em algo que não gosto. Não deveria ter feito isso, eu sei. Agi por impulso e, por isso, peço desculpas", disse a profissional.
Repercussão
Após o fato, o paciente procurou um diretor do hospital e conseguiu a receita com outro médico. Ele também registrou queixa na ouvidoria da unidade e fez um boletim de ocorrência na Polícia Civil.
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde Pública (Sesap) informou que a direção do Hospital Giselda Trigueiro ainda não foi notificada oficialmente sobre o fato relatado. Também informou que esta não é uma conduta adotada pelo Hospital, nem muito menos de orientação do órgão.
"Assim que for notificada, a direção da unidade iniciará um processo de abertura de procedimento de sindicância e tomará as medidas cabíveis dentro da Lei", disse a nota.
Conforme a vice-coordenadora do Sindicato da Saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde), Simone Dutra, a entidade prestou assistência ao idoso e o caso está com o setor jurídico do sindicato, que está preparando uma denúncia ao Conselho Regional de Medicina (CRM) e estuda a possibilidade de entrar com ações no âmbito criminal e civil, contra a médica, em nome do servidor aposentado.

Fonte: Blog do EdmilsonSousa  /   G1/RN

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